A irmandade Vilanismo inaugura a mostra Guarda-Corpo na galeria Zielinsky, em São Paulo, no próximo dia 8 de novembro. A exposição é realizada paralelamente à participação do coletivo na 36ª Bienal de São Paulo e é acompanhada de texto crítico da professora, historiadora africanista e curadora Vanicleia Silva-Santos.
Guarda-Corpo propõe uma reflexão crítica sobre as formas de proteção, cuidado e vigilância que marcam os corpos negros favelizados nas cidades. Cada Vilão —como eles se chamam— apresenta uma linguagem própria em seu trabalho e o resultado é um conjunto que combina saberes ancestrais, práticas rituais, referências contemporâneas e novas epistemologias.
O título da exposição faz alusão tanto ao dispositivo de segurança da construção civil quanto aos espaços onde corpos negros são contidos no dia a dia — e, ao mesmo tempo, às práticas coletivas do grupo, que funcionam como gestos de cuidado e proteção, afirmando a complexidade e a humanidade das pessoas pretas e periféricas.
Com isso, o coletivo traça um diálogo com a instalação Os meninos não sei que juras fraternas fizeram (2025), em cartaz na 36ª Bienal da São Paulo, que explora a ideia de espaço de trabalho, direito à terra e de conspiração. Ao expandir a conversa para o espaço da Zielinsky, o Vilanismo continua a abordar a negação histórica do direito à terra para a população negra no Brasil — e o sonho da irmandade de ter uma sede própria.
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Sobre o Vilanismo:
O Vilanismo é uma irmandade de artistas negros das várias periferias paulistanas formada no final de 2021 com o propósito de desafiar o sistema ocidental das artes visuais. Suas ações envolvem performance, oficinas, vídeo, instalação e escrita, realizadas em espaços públicos e instituições culturais. Seu trabalho tensiona fronteiras entre raça, gênero e classe, propondo uma arte feita de encontro, cuidado e resistência que atravessa arte, sociologia e ativismo. Atualmente, o coletivo é formado por Carinhoso, Daniel Ramos, Denis Moreira, Diego Crux, Guto Oca, Rafa Black, Ramo, Renan Teles, Robson Marques e Rodrigo Zaim.
As ações, exposições e curadorias realizadas pelo grupo incluem: leitura de contra manifesto em evento que marcou 30 anos do massacre do Carandiru (2022), Cubo Preto, no Sesc Pompeia (2023), A Regra e a Exceção, no Ateliê 397 (2023), Afeto, na Diáspora Galeria (2023), Quando eles chegam em casa eu fico feliz, na galeria Luis Maluf (2023), Chora Agora e Ri Depois na Funarte (2023 e 2024), Cortejo Negro no Instituto Moreiras Salles (2024), Ser Feliz é a Nossa Revolução no Museu Afro Brasil Emanoel Araujo (2024), Nas Horas Vagas no Edifício Tebas/VAI (2025). Atualmente, a irmandade está em cartaz na 36ª Bienal de São Paulo com a instalação Os meninos não sei que juras fraternas fizeram.